Quando fui a Dubrovnik: Julho de 2022
Quanto tempo: 2 dias
Passar pelos portões e entrar na Cidade Velha (Old Town) de Dubrovnik, cercada por enormes muralhas medievais, pode fazer você voltar no tempo e viajar para séculos atrás. Com castelos, igrejas, monastérios, praças e construções históricas em um agradável labirinto de ruazinhas, a cidade mais bonita da Croácia parece o cenário de um filme antigo. Ou melhor, o cenário de uma série de TV, já que diversas cenas de “Game of Thrones” foram filmadas lá, fato que atrai ainda mais turistas para um destino já bastante concorrido no verão europeu. Além de tudo isso, a “Pérola do Adriático” ainda conta com boas praias, restaurantes e bares. Mas tudo tem seu preço. Com tanta beleza e encanto, é o lugar mais turístico e também mais caro do país.
Viajei duas vezes para a Croácia, uma em 2010 e outra em 2022. Na primeira vez, com foco em praia e festas, não consegui encaixar Dubrovnik no roteiro. Erro corrigido mais de uma década depois, quando também fomos para Split, Hvar, Bol e o parque dos Lagos Plitvice, além de conhecer a Bósnia. Por causa dos preços mais altos de hospedagem em relação ao resto do país, e também com outras prioridades no total de dias que tivemos na viagem, decidimos ficar apenas uma noite e quase dois dias inteiros em Dubrovnik. Foi tempo suficiente para visitar as principais atrações da região central e ainda curtir algumas praias, mas sem entrar em museus, por exemplo.
Historicamente, Dubrovnik teve seu desenvolvimento baseado no comércio marítimo desde a sua fundação. Na Idade Média, foi a única cidade-estado da região a rivalizar com a República de Veneza. Com as suas riquezas e diplomacia, atingiu o seu auge nos séculos XV e XVI. Já nos anos 90, sofreu com os bombardeios da guerra que dividiram a antiga Iugoslávia em vários países. Agora como uma cidade da Croácia, Dubrovnik proporciona ao visitante a oportunidade de reviver um pouco dessa rica história, mas também de se encantar com visuais belíssimos e com um ambiente que pode ser a porta de entrada de uma viagem para outros destinos ainda mais animados no verão croata.
TRANSPORTE:
Antes da Croácia, estávamos na Bósnia, então pegamos um ônibus da cidade de Mostar até Dubrovnik, por 24 euros, pela empresa Centrotrans. Compramos o bilhete um dia antes na rodoviária, não havia a opção de compra online. Foram cerca de quatro horas de estrada, já contando com o tempo parado para cruzar a fronteira entre os dois países e fazer o processo de imigração. Para ir embora, pegamos um ônibus de Dubrovnik até Split, por 23 euros, pela Flixbus, comprado pela internet. Foram pouco mais de quatro horas de trajeto, mas pode haver atrasos dependendo do tempo de espera na imigração. Apesar de ser uma viagem entre duas cidades do mesmo país, o território croata é cortado por um pequeno pedaço da Bósnia (chamado de corredor Neum) que tem ligação ao mar. Com isso, esta rota entre Dubrovnik e Split tinha passagem obrigatória por esta parte bósnia, com controle dos oficiais croatas na saída e novamente na entrada ao país em um espaço de poucos minutos. Em 2022, porém, o Governo da Croácia inaugurou uma moderna ponte que liga o continente a uma ilha e possibilita desviar o caminho sem passar pelo país vizinho, facilitando a burocracia e o tempo de viagem.
Dubrovnik também tem boas conexões de ônibus diretos com outras cidades da Croácia e outros países próximos, principalmente Bósnia e Montenegro. Ainda há a opção de ir de barco para a ilha de Hvar, Split ou Bari, esta última na Itália. A cidade também é uma parada de várias rotas de navios de cruzeiro. Para quem chegar de avião, o aeroporto de Dubrovnik fica a 20km do centro e é servido por diversas companhias aéreas, que voam para os principais destinos da Europa.
Para circular em Dubrovnik, uma caminhada leva até as principais atrações turísticas. A Cidade Velha tem ruazinhas apenas para pedestres. Para ir a alguns pontos fora das muralhas, pegamos tranquilamente ônibus para algumas praias e a rodoviária, por exemplo. Também usamos Uber uma vez para uma distância de 6km e pagamos 62 kunas (8 euros).
HOSPEDAGEM:
Ficar hospedado dentro da Cidade Velha (Old Town) de Dubrovnik é a melhor escolha, mas também tem o seu preço. É sem dúvida o local mais caro, com muitos hotéis e apartamentos pequenos e estrutura mais antiga. Mas tem a grande vantagem de te dar a liberdade de fazer praticamente tudo a pé durante o dia e à noite, estando já na região mais interessante e charmosa da cidade. Por esses motivos citados e pelo fato de termos apenas uma noite em Dubrovnik, preferimos pagar um pouco a mais para estar dentro das muralhas. Nos hospedamos no Kaboga Street Rooms, por 60 euros em um quarto duplo, com banheiro fora do quarto, mas que era logo ao lado e privativo para nós. Menos conforto, mas excelente localização. O quarto ficava em um pequeno prédio de apartamentos para aluguel turístico. Não tinha recepção, por exemplo, e na chegada pegamos a chave em um restaurante próximo, com um cara que nos levou até o local e deu todas as explicações com simpatia.
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O QUE FAZER:
A maioria das atrações de Dubrovnik fica dentro das muralhas da Cidade Velha (Old Town) e podem ser visitadas a pé em algumas horas do dia, dependendo do seu ritmo e do interesse específico para entrar nelas. São várias ruazinhas para pedestres, com lojas, restaurantes, bares e muita história. No verão, o calor é bem forte principalmente entre 10h e 16h, então leve isso em consideração. Nós fizemos a caminhada por conta própria com um mapa na mão, passando pelos principais pontos de interesse e entrando em alguns gratuitos, alternando com paradas para descanso, sombra e até um mergulho no mar para refrescar. Para quem preferir ter maiores explicações, existem tour guiados, inclusive alguns direcionados para ir nos cenários de gravações de “Game of Thrones”.
Começamos o passeio pelo Portão de Pile (Pile Gate), construído em 1537, com sua ponte levadiça de madeira, uma das imponentes portas de entrada da cidade murada. É por ali onde param a maioria dos ônibus e táxis. Logo depois está a Grande Fonte de Onofrio e suas 16 torneiras de água, um ponto de encontro de grupos de turistas e jovens locais. Em frente, entramos na Igreja do Santíssimo Salvador (St. Saviour Church). Ao lado ficam o Monastério e Museu Franciscano, uma das construções mais bonitas e importantes da cidade, e a Antiga Farmácia de Dubrovnik, do ano de 1317, uma das mais antigas do mundo ainda em funcionamento. Seguimos o caminho pela rua principal Stradun, também chamada de Placa, mais larga do que as demais, com piso branco de calcário e comércio dos dois lados. No final dela, está a Praça Luza, onde fica a Coluna de Orlando (Orlandov Stup) e mais atrativos ao redor. Entre eles, entramos na Igreja de São Brás (St. Blaise Church), dedicada ao protetor da cidade, construída no século XIV, destruída no terremoto de 1667 e reerguida em 1706 no estilo barroco. Ainda há o Palácio Sponza, antiga Casa da Moeda, a Torre do Relógio e, ao lado, a Prefeitura e Teatro Marin Drzic e o Palácio dos Reitores e Museu de História Cultural. Na sequência, entramos também na Catedral de Dubrovnik (Katedrala). Perto dali, passando pela Praça Gundulic, estão as escadarias (Escadas Jesuítas) que levam até a Igreja de Santo Inácio (St. Ignatius Church). Próximo do Portão de Ploce (Ploce Gate), outra das portas de entrada da Cidade Velha, fica o Mosteiro e Museu Dominicano, com um grande acervo de arte e itens da história de Dubrovnik. Caminhando pelas vielas, escadarias e praças da Old Town, ainda há inúmeros outros pequenos museus, igrejas, galerias, etc…
Para quem tiver mais tempo e quiser desembolsar uma grana a mais, logo depois da Porta Pile fica ao acesso principal para subir nas Muralhas de Dubrovnik, um dos atrativos mais populares da cidade. O ingresso custa “apenas” 35 euros. É possível andar sobre os cerca de 2km de muros que circundam a Cidade Velha, com 25 metros de altura nos trechos mais altos, tendo boas vistas panorâmicas e do Mar Adriático. No caminho, passa-se pelas torres do Forte Bokar e Forte Minceta, por exemplo. O mesmo ticket dá acesso ao Forte Lovrijenac, que fica do lado de fora dos muros, à beira-mar, bem próximo do Pile Gate. Nós não subimos nas muralhas, pois fizemos uma escolha e preferimos ir a outra atração também bastante procurada pelos turistas, o teleférico de Dubrovnik (cable car ou zicara). Pagamos 200 kunas (26 euros) por pessoa para subir até o alto do Monte Srd, localizado em frente da Old Town, que proporciona uma excelente vista panorâmica da cidade murada e das ilhas da região. O teleférico foi bombardeado na guerra em 1991, depois reaberto em 2010, e atualmente lá em cima tem bar, restaurante e loja. Valeu o passeio.
Também junto à Cidade Velha está a agradável área do Old Port, porto de onde saem passeios de barco pela região. Destaque para a ilha Lokrum, com praia, jardim botânico, monastério, ruínas e mais um cenário de “Game of Thornes”. As ilhas Elaphiti e Mljet são outras opções. Dubrovnik também pode ser ponto de partida para alguns passeios de bate-volta, inclusive para países vizinhos, como a cidade de Mostar, na Bósnia, ou Kotor e Budva, em Montenegro. Nós visitamos esses lugares com mais tempo, dormindo alguns dias, mas existem tours de apenas um dia.
PRAIAS:
Com o calor que faz em Dubrovnik durante o verão, mesmo com tanto lugar histórico legal, é impossível não aproveitar um pouco do Mar Adriático. Ao redor das muralhas há alguns pontos onde é possível se esticar nas pedras e nadar. Fizemos isso no Buza Bar, que funciona durante o dia e à noite, com música ambiente e aquela cerveja pra relaxar. Mas a praia de verdade mais perto da Old Town é a Banje beach, a uns 10 minutos de caminhada, com mais espaço de pedrinhas (nada de areia por lá), restaurantes, cadeiras e guarda-sóis para alugar e um bonito visual do mar azul com as muralhas de pano de fundo. Fora do centro, pegamos ônibus facilmente para ir até a praia Lapad, bastante popular entre famílias e moradores locais. Depois, passamos a tarde no Coral Beach Club, na praia Cava, lugar animado, com DJ, ótima estrutura, mar de água cristalina e belo pôr do sol. Os preços são mais altos que a média para comer e beber, pagamos 7,50 euros em uma cerveja de 500ml e 11 euros em um aperol spritz. Nos finais de semana da alta temporada rolam festas por lá. Logo ao lado fica a Copacabana beach, bem menor e mais tranquila que a praia brasileira de mesmo nome. Existem inúmeras praias paradisíacas na Croácia, e as de Dubrovnik também têm o seu valor.
COMER E BEBER:
Peixes e frutos do mar são o destaque da culinária desta cidade litorânea croata, mas há um pouco de tudo por lá. São diversos restaurantes espalhados pelas ruazinhas da Cidade Velha, alguns com preços mais altos, mas também com alternativas de fast-food mais em conta. Almoçamos um dia no restaurante Kamenice, com mesas ao ar livre na agradável Praça Gundulic. Comemos uma salada de polvo e um risoto de camarão, pratos individuais, por 14 euros cada. Nada de espetacular, mas justo pelo preço. Nessas mesmas pequenas ruas históricas estão vários bares que agitam a vida noturna, desde pubs irlandeses, bares de cocktails e outros mais animados com DJ. Entramos e bebemos em alguns, como o Karaka Irish Pub, o Fontana e o Milk. Além disso, boas indicações durante o dia para aproveitar o sol são os bares nas praias, como o Buza Bar e o Coral Beach Club, já citados acima. Não chegamos a ir em balada em Dubrovnik pela falta de tempo/cansaço, mas a Lazareti é uma night bem famosa por lá, geralmente com música eletrônica, colada na Old Town.
IMPERDÍVEL
– Apesar de Dubrovnik ter tanto lugar histórico legal e imperdível, a cidade também tem belas praias para aproveitar o verão.
– O teleférico de Dubrovnik é uma atração recomendada para uma excelente vista panorâmica do alto da Cidade Antiga e das ilhas da região.
– Se tiver pouco tempo na cidade, vale a pena ficar hospedado dentro das muralhas da Old Town, mesmo que seja mais caro.
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