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GORGES DU VERDON: como ir, o que fazer, onde ficar

Um dia no maior cânion da Europa, com pedalinho no lago e os campos de lavanda
Publicado em:

Quando fui ao Gorges du Verdon: Julho de 2020

Quanto tempo: 1 dia

Antes mesmo de saber onde ficava, como ir e o que fazer exatamente por lá, as fotos que eu tinha visto do Gorges du Verdon já faziam com que eu tivesse muita vontade de visitar este lugar. Vontade que só aumentou depois de pesquisar melhor. Quando surgiu a oportunidade, coloquei no roteiro de uma viagem pelo Sul da França, e as expectativas criadas foram mais do que atingidas. Pessoalmente, o maior cânion da Europa, com rio e lago de água bem verde (e bota verde nisso) no meio das montanhas é ainda mais espetacular do que pelas imagens. Um cenário de muita natureza e boas opções de atividades na belíssima região de Provence-Alpes-Côte d’Azur.

Ficamos sete dias hospedados em Marselha, cidade que usamos como base, e em um dos dias fizemos um bate-volta de carro para o Gorges du Verdon, passando no caminho nos campos de lavanda e girassóis de Valensole e também em Aix-en-Provence. Fizemos esta viagem junto com amigos em julho de 2020, durante o verão europeu, época boa quando essas plantações estão floridas e coloridas. Excelente temporada também para aproveitar o calor, alugar pedalinho ou caiaque e nadar no Lago de Sainte-Croix e no Rio Verdon, no meio do desfiladeiro.

Quanto mais eu vou conhecendo a França, mais vou vendo que o país não é apenas Paris e Torre Eiffel. Tem muita coisa legal pra explorar, pra todos os gostos e todos os bolsos. De história em cidades medievais a praias e belezas naturais. E o Gorges certamente está entre os destinos do topo desta lista! Não à toa, entrou na lista das Top 10 Belezas Naturais do Bora Viajar Agora.

Reservas

TRANSPORTE:

Carro é definitivamente a melhor forma de transporte para conhecer o Gorges du Verdon. Eu diria até que imprescindível, pois o Parque Natural du Verdon é bem grande, com diversas rotas panorâmicas pelas montanhas, mirantes, pequenas “praias” ao redor do lago, cidadezinhas e o Rio Verdon que se estende por 165 km. Até tem trem ou ônibus para cidadezinhas próximas, como Aix-en-Provence e Castellane, mas depois seria necessário algum outro transporte para explorar a região. Existem também algumas empresas que fazem excursões, mas nem se compara com a liberdade que o carro dá neste caso.

Nós estávamos hospedados em Marselha e alugamos um carro na hora pelo aplicativo Getaround (onde os donos colocam seus próprios carros para alugar), por 90 euros a diária de uma van que cabia até oito pessoas (viajamos em seis amigos). Também é possível buscar locadoras pelo site da Rentalcars. Valeu a pena financeiramente e pela comodidade. Dirigimos cerca de duas horas para chegar lá, um trajeto de 140 km de distância, passando no caminho de ida pelos campos de lavanda de Valensole. Na volta, paramos para jantar em Aix-en-Provence. A dica é sair cedo para aproveitar o dia sem pressa, apreciar os visuais da estrada e fazer paradas onde achar interessante, já que uma visita completa da região demanda bastante tempo.

HOSPEDAGEM:

Nós ficamos hospedados em Marselha, porque fizemos uma viagem durante o verão em que a prioridade eram as praias, e o Gorges du Verdon acabou incluído um dia neste roteiro. Se a intenção e a época forem as mesmas, recomendo fortemente (clique aqui para ver o post completo de Marselha com sugestões de hotel). Outra ótima opção para usar como base nessa linha é Nice, cidade que também fica na badalada Côte d’Azur, distante os mesmos 140 km do Gorges, mas para o lado oposto.

Para quem preferir passar a noite mais perto do Gorges du Verdon, existem diversas pequenas cidades nas redondezas com alternativas de hospedagem que vão desde camping até hotéis mais sofisticados. As principais são: Moustiers-Sainte-Marie, Manosque, Castellane e Palud-sur-Verdon.

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O QUE FAZER:

O Gorges du Verdon, ou Garganta do Verdon (em português), é um cânion ou desfiladeiro, que fica na região entre as cidades de Moustiers-Sainte-Marie e Castellane, na área do Parque Natural Regional do Verdon. O Rio Verdon tem 165 km de extensão, sendo que 25 km correm entre os enormes paredões de pedra, trecho que forma de fato o acidente geográfico chamado de “gorges”. O cânion chega a ter 700 metros de profundidade em algumas partes. Em uma das pontas está o Lac de Sainte-Croix, um lago artificial formado em 1973 após a construção de uma barragem da EDF, a companhia de energia da França. E é justamente neste ponto do lago conectado com o rio, exatamente onde começa o gorges, o principal local para se visitar. Para achar a localização certa no mapa, é só buscar por Pont du Galetas, ponte que, por sinal, tem um ângulo em cima dela que rende belas fotos.

O Lago de Sainte-Croix pode ser visitado no início ou no fim do roteiro, dependendo de onde estiver hospedado, do tempo disponível e das atividades planejadas. Nós começamos por lá, pois saímos tarde de Marselha, paramos nos campos de lavanda, enrolamos e chegamos já eram 15h. Mesmo assim, aproveitamos bem esta parte, o visual do lago esverdeado é espetacular. Assim como a maioria faz, alugamos um pedalinho para explorar o local. O preço é de 20 euros por hora para cada pedalinho que cabe até quatro pessoas, e pegamos por duas horas. Existe mais de uma empresa no lago que faz o aluguel, e também há caiaques disponíveis. Neste tempo, foi possível pedalar bastante rio abaixo, passar por uma pequena cachoeira, apreciar a paisagem, tirar fotos e, principalmente, relaxar e nadar num dia de bastante calor. Apesar da água vir do degelo das montanhas dos Alpes, a temperatura estava bem agradável, dizem que a média é de 24 graus Celsius, muito mais quente que o mar de Marselha. Para quem não quiser fazer esforço nenhum, é só passar o dia tranquilo nos espaços de “praia” na beira do lago.

Um ponto que vale ter atenção é quanto ao horário do sol. No Lago de Sainte-Croix e na entrada do Gorges du Verdon, áreas mais abertas, ele bate durante quase todo o dia, principalmente no verão. Porém, conforme você vai descendo o Rio Verdon, mais estreito e cercado pelos paredões rochosos, o sol só ilumina a água e deixa ela com aquela cor verde bem viva, um visual mais bonito, quando está posicionado bem em cima, mais ou menos entre 12h e 14h, dependendo do mês. No começo da manhã e no fim da tarde, a maior parte do rio fica na sombra, que foi o que aconteceu quando chegamos de pedalinho lá pelas 16h. Mas como eu disse antes, de qualquer forma o lago e o início do gorges estavam com sol forte até a hora que fomos embora, quase 18h. E, claro, acho que nem preciso dizer que é melhor evitar dias nublados e chuvosos, já que a beleza do lugar cai de nível. Então, vale se programar quanto a isso.

Saindo de lá, pegamos o carro, subimos a montanha e percorremos parte de uma rota panorâmica, a Route des Gorges, até um dos primeiros mirantes lá no alto. Como já estava tarde, decidimos voltar, mas tinha muita estrada pela frente, caminhos cheios de curvas com outros viewpoints e lugares de interesse. A Route des Crêtes é a rota mais recomendada, mas há outras com ótimos pontos para parar e admirar a vista, como o Point Sublime e o Balcon de la Mescla. Também existem várias cidadezinhas históricas nos arredores do Gorges du Verdon. Moustiers-Sainte-Marie é a mais interessante e procurada delas, localizada no alto da montanha, mas muita gente também visita Aiguines e Palud-sur-Verdon. Nesses vilarejos, ao redor do lago e nas rotas é possível encontrar boas opções de restaurantes. Para os mais aventureiros, a região também oferece a possibilidade de diversas atividades esportivas, como caminhada, bicicleta, rafting, escalada… Enfim, uma visita completa da área do Gorges du Verdon demanda tempo, por isso saí de lá com aquele gostinho de “quero mais” e pretendo voltar com mais calma quando houver oportunidade.

CAMPOS DE LAVANDA:

No caminho de ida para o Gorges du Verdon, nos programamos para passar pelos famosos campos de lavanda e girassol de Valensole, que ficam nesta região de Provence (Provença, em português). Eles ficam espalhados uma extensa área chamada de Plateau de Valensole, que tem 800 km2 e abrange várias cidades. A principal delas é Valensole, onde nos arredores estão concentrados os campos mais fotogênicos. Dirigindo, passamos por várias plantações de lavanda, mas fomos diretamente para uma que tínhamos indicações: Lavandes Angelvin. Aproveitamos para tirar fotos dos trocentos pequenos arbustos roxos de lavanda, plantados em fileira em uma imensidão de perder de vista. Eles ficam na beira da estrada mesmo e qualquer um pode caminhar livremente pelo meio deles, não paga nada para ver e passear por lá. Neste ponto onde paramos, também tinha um grande campo de girassóis bem amarelos, mas não é em todos os lugares que tem. Ali também há uma lojinha com souvenirs e uma variedade de produtos derivados da planta, entre eles o óleo essencial de lavanda, utilizado para fazer perfumes, cosméticos, entre outras coisas.

Uma pergunta importante é: quando ir para os campos de lavanda de Provence? Para vê-los floridos e coloridos, com aquele visual roxo bem forte que contrasta com o amarelo dos campos de trigo ao lado, a época certa é entre o final de junho e início de agosto, sendo julho o melhor mês. Ou seja, no auge no verão europeu, alta temporada. Isso porque a colheita geralmente começa por volta do dia 15 de julho e termina em 15 de agosto. Fora deste período, a região continua tendo vários atrativos, mas esqueça aquela imagem emblemática das lavandas.

AIX-EN-PROVENCE:

​Antes de voltarmos para dormir em Marselha, terminamos o dia de passeio em Aix-en-Provence, um dos destinos mais importantes desta parte do país, terra do pintor francês Paul Cézanne. É uma cidade universitária, que, apesar de ser pequena, costuma ser movimentada, com alguns museus e galerias de arte. Dependendo do estilo de viagem e da época, Aix pode ser também a base de hospedagem, já que é um lugar de fácil acesso para as atrações da região. Na verdade, já era noite quando chegamos e paramos lá para jantar, não tivemos tempo para conhecer a cidade de verdade. Demos uma rápida caminhada nas ruazinhas do centro histórico e comemos no restaurante Le Forbin. A comida estava boa, pedimos um fettuccine ao vôngole por 18 euros, e o cardápio tinha em especial massas e pizzas, mas também outras opções. No entanto, o atendimento deixou a desejar. Digamos que o lugar era um pouco mais arrumado, estilo bem francês, nós estávamos em trajes pós-banho no lago do Gorges du Verdon, e a “simpatia” das garçonetes deve ter tido relação com isso. Inconvenientes à parte, Aix-en-Provence merece a visita.

IMPERDÍVEL:

– O Lago de Sainte-Croix é o principal ponto do Gorges du Verdon, mas a área é enorme e demanda tempo para uma visita completa. Comece o dia cedo!

QUER SABER MAIS SOBRE O GORGES DU VERDON ? ACESSE TAMBÉM:

Site oficial do Parque Natural du Verdon

Tiago Lemehttps://www.boraviajaragora.com/
Jornalista, autor do Bora Viajar Agora, atualmente morando em Paris, trabalhando como freelancer. Já visitei 90 países. Os posts escritos neste blog são relatos de minhas viagens, com dicas e informações para ajudar outros viajantes.

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