Quando fui ao Masai Mara: Junho de 2022
Quanto tempo: 3 dias
Depois que você faz o primeiro safári na vida, a vontade de repetir certamente chegará. Ver bem de perto milhares de animais selvagens em seu habitat natural é uma experiência marcante. Além disso, nenhum safári é igual ao outro, cada dia pode ter uma surpresa diferente, e a África conta com vários países e reservas nacionais para esta atividade na natureza. Um dos melhores lugares do mundo para isso é o Masai Mara, o parque mais famoso do Quênia, um símbolo africano e de fácil acesso a partir da capital Nairóbi.
Demorou cinco anos para conseguirmos fazer um novo safári depois da “estreia”, mas com planejamento e um esquema econômico deu tudo certo. Em junho de 2022, fizemos um safári de três dias no Masai Mara, onde vimos leões, leopardos, búfalos, elefantes, muitas zebras e gnus, entre outros bichos. No Quênia, também visitamos Nairóbi e praias em Diani Beach, na região de Mombaça. Foi uma viagem de duas semanas pela África, sendo que na primeira delas fomos para Uganda, com destaque para o passeio com gorilas na floresta de Bwindi e também um safári em Murchison Falls. Em 2017, em um mochilão pelo continente, nosso primeiro safári tinha sido na vizinha Tanzânia, nos parques Serengeti e Ngorongoro.
Mas quanto custa um safári? Quantos dias? Quando ir? Essas respostas dependem de vários fatores. O preço muda principalmente quanto ao nível da hospedagem, que pode ser uma barraca de camping ou um hotel de luxo. Depende também se é um passeio em grupo ou privado. Com cerca de 200 dólares é possível conhecer o principal parque queniano em apenas um dia, mas esse valor pode subir até milhares de dólares. Três dias é um tempo ideal para fazer este safári saindo de Nairóbi, para não ficar corrido, mas a viagem também pode ser mais longa e combinada com outros destinos no país. Isso tudo varia conforme o estilo de cada pessoa. O Masai Mara é espetacular durante o ano todo, mas ainda melhor em julho e agosto, quando acontece o fenômeno da Grande Migração.
Comparando dois países que estão entre os melhores da África para esta atividade, uma vantagem do Quênia é que o safári é mais barato em relação à Tanzânia. O Masai Mara e o Serengeti são dois parques adjacentes, com paisagens de savana bem parecidas e grande quantidade de animais. O lado queniano é menor e também mais fácil de se chegar a partir de uma cidade maior. O certo é que ambos têm pontos positivos e são espetaculares. Mas seja pra onde for e em qual esquema de safári, é importantíssimo pesquisar bastante antes pela internet, negociar bem e escolher uma operadora de tour confiável para garantir uma boa experiência. O site Safari Bookings é uma boa plataforma para isso, com uma lista de várias empresas africanas, informações e comentários sobre a reputação de cada uma. Nós fizemos tudo com a Axis Africa Safaris (leia mais abaixo). E o principal de tudo: não importa se é o seu primeiro ou décimo safári, aproveite este momento tão especial no meio da natureza num ritmo “pole pole”, que na língua swahili significa “devagar”. É assim que eles curtem a vida por lá!
TRANSPORTE:
Para chegar até Nairóbi, de onde parte a maioria dos safáris para o Masai Mara, pegamos um avião saindo de Paris. Na ida, nosso destino final foi o aeroporto de Entebbe, em Uganda, então fizemos apenas conexão em Nairóbi. Foi na volta, na segunda parte da viagem, que ficamos uma semana no Quênia, “quebrando” a conexão para isso. Por todos esses voos pela Kenya Airways, pagamos 660 euros por pessoa. Nairóbi tem dois aeroportos e recebe muitos voos de vários países da África e outros continentes. Também é possível voar da capital queniana para diversos destinos domésticos (inclusive para o Masai Mara), até com companhias aéreas low-costs. Pegamos um voo da Jambojet de Nairóbi para Malindi, por 50 euros. Para quem preferir gastar menos, há opções de trem, ônibus e “matatu” (micro-ônibus local) para outras cidades do país.
HOSPEDAGEM:
Em Nairóbi, na noite anterior ao início do safári e também após o fim, ficamos hospedados no Decasa Hotel, por 15 dólares a diária de um quarto duplo. Lugar bem simples, mas bem localizado no centro da cidade, um dos mais baratos que encontramos. Serviu apenas para dormir mesmo.
Nas duas noites durante o safári no Masai Mara, dormimos no Lenchada Tourist Camp, bem perto de uma das entradas no parque nacional, já no meio da selva africana, com a presença de animais nos arredores e um vigilante masai para garantir a segurança. É uma opção de acomodação barata em relação a muitos lodges e hotéis mais confortáveis que existem na região. Nosso quarto duplo era, na verdade, uma grande tenda, mas com telhado como cobertura por cima da lona, cama de casal, mosquiteiro e até banheiro com chuveiro. Era uma suíte mesmo. Claro que tudo bem rústico, tinha água quente e eletricidade só até uma certa hora da noite, por exemplo. Mas foi bem melhor do que imaginávamos antes. Pensamos que ficaríamos em barracas de camping, em sacos de dormir, como foi no safári feito na Tanzânia. O local também conta com um refeitório, onde foram servidos o café da manhã, almoço e jantar no estilo self-service e comida caseira. À noite, uma fogueira costuma ser acesa, o que permite aquele convívio social sempre proveitoso entre viajantes de diversas partes do mundo, com histórias interessantes. Essa hospedagem e as refeições no Lenchada já estavam inclusas no valor do tour pago à agência.
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O SAFÁRI:
O sucesso de um safári começa com a escolha de uma agência boa e confiável. Depois de muitas pesquisas e negociações pela internet, escolhemos a Axis Africa Safaris. Foi uma decisão baseada nas ótimas avaliações online, bom atendimento e, claro, preço baixo, dentro do nosso orçamento. Durante o planejamento, tivemos uma comunicação clara com o Lennox, responsável por fazer a reserva. Foram dias agradáveis no Quênia, e tudo que foi prometido foi cumprido. O roteiro do safári no Masai Mara a partir de Nairóbi é praticamente padrão entre todas as empresas, então um ponto importantíssimo para que seja uma viagem legal é ter um bom motorista/guia, afinal, é ele quem vai dirigir para tentar achar o maior número de animais. Demos sorte de ter o Yasin como guia, que demonstrou conhecimento da área e da vida selvagem, sempre nos dando muitas explicações e tentando encontrar os bichos em vários lugares do parque. Além disso, ele teve boa vontade para atender nossos pedidos, como comprar cerveja e gelo para colocar no cooler e levar no veículo durante o passeio.
Em junho de 2022, pagamos 380 dólares por pessoa para um safári econômico de três dias e duas noites no Masai Mara, saindo de Nairóbi. Como este é um tour bastante comum, com muitas opções de empresas, fechamos com menos de três semanas de antecedência. Este valor incluiu os game drives, hospedagem em ótimas tendas de camping (leia mais no tópico acima), todas as refeições, água (outras bebidas pagas à parte), transporte em jipe 4×4 e taxas do parque. Foi um safári privado, estávamos em três pessoas no carro, mais o motorista. Para quem quiser economizar alguns dólares, existe a possibilidade de entrar em grupos de até oito pessoas. Além disso, por uma diferença pequena de preço, optamos por fazer em um land cruiser 4×4, que é mais confortável e mais potente que a van 4×4, opção um pouco mais barata. De qualquer forma, ambos os veículos têm teto retrátil que são abertos para melhor observação dos animais, o que é o mais fundamental. E por falar em observação, para boas fotos, é importante ter uma câmera fotográfica, com bom zoom ou lente. Vale citar que, entre diversas alternativas disponíveis, o valor do safári pode aumentar bem especialmente de acordo com o nível da hospedagem, que pode ser até em luxuosos lodges.
MASAI MARA:
Parque mais famoso do Quênia e um dos principais da África, o Masai Mara tem área de 1.510 km2. Não é o maior do país e tem apenas um décimo do tamanho do vizinho Serengeti, na Tanzânia, igualmente famoso. No entanto, é uma reserva nacional com grande biodiversidade, que proporciona um dos melhores safáris do continente e é de fácil acesso a partir da capital Nairóbi. A fama não é à toa. No Masai Mara, é possível observar uma boa variedade de animais, em grande quantidade durante todos os meses do ano. Mas o local fica ainda mais espetacular em julho e agosto, quando acontece a Grande Migração, evento anual em que milhões de gnus, zebras e outros bichos se deslocam juntos, fugindo da seca do Serengeti e cruzam a fronteira em busca de água e comida.
Nós estivemos no Masai Mara no fim de junho, conseguimos ver apenas os primeiros grupos de zebras que migravam, mas mesmo assim vimos uma considerável concentração de animais residentes. Conseguimos avistar muitos predadores, que costumam se esconder e são sempre mais difíceis de serem encontrados. Durante os game drives, o guia constantemente se comunicava no rádio com outros guias para dirigir até acharmos mais animais. Presenciamos uma cena marcante, uma família de leões, adultos e filhotes, devorando um gnu já morto na grama. Entre os Big Five, os cinco mamíferos de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem, vimos quatro: leão, elefante, búfalo e leopardo. Faltou apenas o rinoceronte, que está ameaçado de extinção. Conseguimos ver também cheetahs (guepardos), hienas, girafas, hipopótamos, crocodilos, javalis, avestruz, muitas zebras, gnus e diversos tipos de antílopes.
Começamos o safári saindo logo cedo de Nairóbi. O guia nos buscou no hotel às 8h da manhã, pegamos cinco horas de estrada, com rápida parada em um mirante no Great Rift Valley, até a chegada no Lenchada Tourist Camp, no Masai Mara. Almoçamos por lá, e já neste primeiro dia fizemos o primeiro game drive, que durou cerca de duas horas e meia, de umas 15h até o fechamento do parque às 18h30. No segundo dia de safári, após o café da manhã no camping, ficamos sete horas dentro dos portões do Masai Mara, entrando pela manhã e voltando no meio da tarde. Neste dia mais longo de game drives, rodamos por lugares mais distantes no parque e fomos até o Rio Mara, na fronteira com a Tanzânia, onde durante a Grande Migração acontece a tradicional imagem de inúmeros gnus atravessando o rio e sendo atacados por crocodilos. Como não estávamos na época exata, avistamos ali apenas crocodilos e hipopótamos. Almoçamos no estilo piquenique sentados no chão embaixo de uma árvore, uma refeição preparada antes que tinha frango, fruta e, claro, tínhamos comprado umas cervejas de leve pra relaxar. No fim, assim como no dia anterior, jantamos no refeitório do camping onde passamos a noite. No terceiro e último dia, saímos para o game drive antes do sol nascer, para tentar aproveitar o momento que os predadores estão mais ativos, mas não tivemos tanta sorte assim. Fizemos um game drive mais curto, de duas horas, voltamos ao camping para tomar o café da manhã, visitamos uma Vila Masai (leia mais no tópico abaixo) e depois pegamos a estrada de volta para Nairóbi, onde chegamos às 16h e terminamos o safári.
VILA MASAI:
No último dia do safári no Masai Mara, fizemos uma visita a uma Vila Masai, um grupo étnico seminômade que vive isolado no norte da Tanzânia e no Quênia. Pagamos 10 dólares por pessoa para conhecer esta vila, localizada próxima do nosso camping e de uma das entradas do parque nacional. Passamos uma hora lá, guiados por um masai, ouvindo histórias e explicações. Também assistimos a uma dança típica, observamos os costumes e entramos em uma das casas da família. A vila, claro, é bastante simples, com casas construídas com esterco de vaca e barro, sem qualquer infraestrutura. Entre as várias tradições dos masais, que se distinguem de outras tribos por vestirem roupas sempre com vermelho e usarem alargadores de orelha, está a dos jovens que passam por uma cerimônia de iniciação da maioridade para serem guerreiros, irem à caça e defenderem o seu povo. Outro ponto interessante: quanto mais vacas e cabras a família tiver, mais rica ela é.
Sinceramente, achei a visita desta vila um pouco “fake”, naquele estilo bem “pega turista”, onde eles estavam mais interessados em vender souvenirs e ganhar um dinheiro. Isso acontece mesmo em alguns lugares e eu já estava ciente disso, mas queria ver como seria a experiência. E, como esperado, foi bem diferente de uma autêntica Vila Masai que visitamos na Tanzânia, perto de Arusha, na viagem que fizemos cinco anos antes, quando visitamos masais que, de fato, viviam isolados, o que pudemos ver no comportamento e na pureza das crianças.
IMPERDÍVEL:
– Pesquisar bastante para escolher uma agência boa e confiável, além de negociar o safári de acordo com os seus interesses e orçamento.
– O safári no Masai Mara é de fácil acesso a partir de Nairóbi, pode ser feito em até uma dia, mas a recomendação é fazer em três dias, para explorar melhor o parque.
– Como muitas vezes os animais estão distantes, é importante ter uma câmera fotográfica, com bom zoom ou lente. No mais, vá num ritmo devagar, ou “pole pole”.
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