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MURCHISON FALLS e KIBALE: o que mais fazer em Uganda, como ir

Um tour por Uganda: safári, cataratas, Rio Nilo, passeio com chimpanzés
Publicado em:

Quando fui a Murchison Falls e Kibale: Junho de 2022

Quanto tempo: 7 dias no país

Não há dúvidas que ver os gorilas na floresta é a principal atração de Uganda, mas este belo país da África Oriental tem muito mais a oferecer ao viajante. Entre muitas belezas naturais, animais selvagens e várias atividades, nosso tour começou pela capital Kampala, passou pelo santuário de rinocerontes de Ziwa, teve um ótimo safári no parque nacional de Murchison Falls, além de visita ao topo das cataratas e passeio de barco no Rio Nilo, e também tracking de chimpanzés na floresta de Kibale (que estão relatados neste post). Depois, fizemos o famoso passeio com gorilas de montanha na Floresta Impenetrável de Bwindi, fomos ao Lago Bunyonyi e à Linha do Equador (que estão em outro post, clique aqui e confira).

Foi uma viagem de duas semanas pela África em junho de 2022, sendo uma delas de Uganda. A única coisa que eu tinha certeza que faria por lá era o tracking de gorilas. O resto do roteiro foi sendo montado de acordo com pesquisas e a descoberta de mais atrativos do que imaginávamos. No fim das contas, sete dias no país foi até pouco, mas não tínhamos mais tempo e tivemos que fazer escolhas de onde ir. Ficou de fora, por exemplo, a cidade de Jinja, um destino mochileiro, onde está a nascente do Rio Nilo e atividades como rafting. Na outra semana fomos ao Quênia, com safári no Masai Mara e praia em Diani Beach.

Conhecida como a “Pérola da África”, Uganda ainda é pouco visitada por estrangeiros, o que fez a gente ser chamado constantemente de “Muzungu’, palavra que significa “homem branco” na língua Bantu, pelas simpáticas crianças locais, em pequenos e humildes vilarejos. Ainda não existe tanta estrutura turística por lá em comparação com outros países mais visitados do continente, mas há boas opções para conhecer os principais lugares, preços baixos (com exceção do passeio com gorilas). Tem gente que faz a viagem de forma independente, mas para isso é preciso ter disponibilidade de tempo e flexibilidade para ajustes a algum imprevisto no caminho.

No nosso caso, para poder visitar tudo que queríamos em apenas uma semana, foi preciso fechar o tour com uma agência, com guia/motorista em uma van. Nós fizemos tudo com a African Adventure Travellers (leia mais abaixo). A melhor forma para garantir uma boa experiência é pesquisar bastante pela internet para escolher uma operadora de tour confiável e negociar bem o preço. O site Safari Bookings é uma boa plataforma para isso, com uma lista de várias empresas africanas, informações e comentários sobre a reputação de cada uma. Seja como for, Uganda não vai te decepcionar. Saímos de lá com a felicidade e satisfação de ter conhecido um país com um povo tão acolhedor e uma variedade de atrações em meio a tanta natureza.

TRANSPORTE:

Para chegar até Uganda, pegamos um avião até o aeroporto internacional de Entebbe, saindo de Paris com conexão em Nairóbi, no Quênia, pela Kenya Airways, por 660 euros, valor de ida e volta pelo mesmo trajeto (e “quebrando” a conexão na volta para ficar uma semana no Quênia). A cidade de Entebbe fica a 35 km da capital Kampala, onde dormimos a primeira noite antes de iniciarmos o tour pelo país. Há mais opções de voo, com conexões em outros países da África ou Oriente Médio.

Para ir até cada um desses destinos (parques, florestas, cataratas…), nós fechamos o tour com uma agência e rodamos Uganda nesta van com motorista/guia. Quem vai de maneira independente e quer economizar, pode pegar ônibus ou “matatus” (micro-ônibus locais) de Kampala até outras cidades principais, como Fort Portal, Gulu ou Kabale. É uma forma bem mais roots, já que nem sempre há ligações até vilas menores e nem horários certos. Para distâncias mais curtas, é bem comum por lá pegar “boda-boda”, que são motos ou scooters, moto-táxi. É mais rápido para fugir do trânsito, mais barato, mas é sempre bom tomar cuidado e negociar antes. É preciso medir os riscos em alguns casos: velocidade alta, estradas de terra, sem capacete, duas pessoas mais o motorista em uma moto… É sentar na garupa e jogar na mão de Deus! Na maioria das vezes dá certo.

HOSPEDAGEM:

Na nossa primeira noite em Uganda, dormimos na capital Kampala, no hotel Express View Inn, que pertence à African Adventure Travellers, agência que contratamos. Quarto bom, restaurante no rooftop e equipe atenciosa. Fica localizado a 15 km ao sul do centro de Kampala, em direção ao aeroporto de Entebbe, perto do Lago Victoria. Com isso, é necessário algum meio de transporte para conhecer de fato a capital de Uganda, ainda mais porque o trânsito lá é caótico. Mas a agência nos providenciou isso para visitarmos os principais pontos turísticos de Kampala.

Depois, passamos duas noites no Hornbill Bush Lodge, bem perto da entrada norte do parque de Murchison Falls, do Rio Nilo e da cidade de Pakwach. Ficamos em um cottage, tipo um bangalô com teto de palha, mas paredes de alvenaria, espaçoso, com cama de casal, mosquiteiro, banheiro com água quente e varanda. Rústico e bem estiloso. Como o local ficava literalmente no meio da floresta, por segurança, à noite para ir do restaurante até o quarto era preciso estar junto com um funcionário armado, já que existia o risco de algum animal selvagem aparecer. Não vimos nada, mas de madrugada ouvimos sons, possivelmente de elefantes. Para ser sincero, o nível do lodge era mais alto do que esperávamos, assim como todas as outras acomodações deste tour em Uganda. O valor da diária e refeições já estava incluso no preço total que pagamos para a agência. Para quem quer dormir em um lugar mais barato e mais simples, existem opções, até mesmo com barracas de camping em alguns lugares (como tínhamos feito no safári na Tanzânia). Ali mesmo em Murchison Falls, o Red Chilli Rest Camp é um exemplo disso, bastante procurado, dizem que com uma vibe mais mochileira por causa dos preços mais baixos.

Na sequência da viagem, fomos para a floresta de Kibale e dormimos uma noite no Kibale Forest Lodge, localizado na minúscula vila de Bigodi ao lado do parque nacional. Quarto também tipo um chalé, com cama de casal, mosquiteiro e bom banheiro. Menos estiloso e menos rústico do que o anterior, mas ótimo também, com decoração mais urbana. O local também tinha boa estrutura com restaurante simples e espaço com sofás.

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O TOUR:

É essencial pesquisar bem para encontrar uma agência boa e confiável, como já escrito acima. Além disso, é importante ter uma boa comunicação prévia com a agência, para alinhar as expectativas sobre o tour e deixar bem claro alguns detalhes de acordo com a maneira que mais te agrade, como o itinerário, estilo de acomodação, refeições, tipo do veículo, valores, etc… Com orçamento limitado, como era o nosso caso, também buscamos pelos preços mais baixos possíveis, pechinchamos, mas, claro, desde que isso não afete a experiência de ter uma viagem bem aproveitada. Sempre com bom senso.

Dito isso, depois de muitas trocas de e-mails, conversas no Whatsapp e negociações, fechamos com dois meses de antecedência com a African Adventure Travellers, agência comandada pelo Robert Mugabe, que foi muito atencioso, prestativo e cumpriu o que prometeu. Recomendamos! Foram muito mais pontos positivos do que negativos. Os lodges que ficamos hospedados eram melhores do que esperávamos (nada de luxo, mas confortáveis), as refeições foram ótimas (frango, carne ou peixe, seja nos lodges ou restaurantes na estrada) e os lugares visitados sensacionais. Um ponto também importantíssimo para o sucesso deste tipo de viagem é dar sorte de ter um bom motorista/guia, afinal, é ele quem vai dirigir para tentar achar o maior número de animais no safári, é ele que vai estar em contato com os responsáveis pelo tracking de gorilas, com as acomodações, restaurantes e coisas do tipo. Por isso, destacamos aqui o trabalho do Patrick, que mostrou profissionalismo, conhecimento da área e da vida selvagem e atendeu aos nossos pedidos durante a viagem. Vale citar também o Huzaima, nosso guia durante o excelente city tour em Kampala no primeiro dia.

Nós fizemos um tour de sete dias e seis noites em Uganda, que foi customizado para ir aos lugares que escolhemos pelo país. Visitamos diversos atrativos, como o passeio com gorilas na Floresta Impenetrável de Bwindi, chimpanzés em Kibale, safári em Murchison Falls, entre outros (confira abaixo o itinerário completo). Pagamos 1.640 dólares por pessoa (sendo que 700 dólares foi só do gorilla permit), valor que incluiu todas as hospedagens em lodges em quarto duplo, todas as refeições (bebidas pagas à parte), taxas dos parques, passeios e transfer de ida e volta de Kampala até o aeroporto de Entebbe. Estávamos em três pessoas no carro, mais o motorista, então foi um tour privado só pra nós, feito em uma van 4×4 com teto retrátil, que era sempre aberto durante o safári. O preço pode aumentar ou diminuir de acordo com a qualidade das acomodações, número de pessoas no carro (há opção de entrar em um grupo), nível do veículo (o land cruiser 4×4 é mais confortável e mais caro do que a van) e, obviamente, número de dias e lugares visitados (por causa do valor das taxas de entradas nos parques e/ou ingressos).

Itinerário do tour em Uganda:
Dia 1 – Chegada em Entebbe e city tour em Kampala (noite em Kampala)
Dia 2 – Ziwa santuário de rinocerontes e topo da Murchison Falls (noite em Murchison)
Dia 3 – Safári em Murchison Falls e barco no Rio Nilo (noite em Murchison)
Dia 4 – Safári em Murchison Falls e ida para Kibale (noite em Kibale)
Dia 5 – Tracking de chimpanzés em Kibale e ida para Bwindi (noite em Buhoma/Bwindi)
Dia 6 – Tracking de gorilas em Bwindi, ida para o Lago Bunyonyi e canoa (noite em Bunyonyi)
Dia 7 – Ida para Kampala, parada na Linha do Equador e voo de Entebbe

*Clique aqui e confira a primeira parte do post sobre Uganda, com o tracking de gorilas em Bwindi, Lago Bunyonyi e a Linha do Equador!

SANTUÁRIO DE RINOCERONTES:

No primeiro dia em Uganda, fizemos um city tour na capital Kampala, onde pudemos conhecer um pouco da história desta nação e do antigo reino de Buganda, visitando pontos turísticos como o Kabaka’s Palace (Palácio do Rei de Buganda) e o Kasubi Royal Tombs (Túmulos dos Reis do Buganda). Mas “oficialmente” nosso tour pelo país começou mesmo no segundo dia, quando pegamos a estrada. Antes, compramos um chip de celular ugandense (que foi uma missão demorada, por causa das quedas de sistema e obrigação de fazer um registro, com passaporte e foto).

Após 2h30 de trajeto na van, chegamos no Ziwa Rhino Sanctuary, um santuário de rinocerontes, atualmente o único lugar do país onde se pode observar esses animais em seu habitat natural. Hoje mais de 30 rhinos vivem no local, criado em 2005 para preservar esta espécie ameaçada de extinção. Até então, eles estavam extintos em Uganda, o último tinha sido morto em 1983. Com isso, no início o santuário trouxe seis rinocerontes brancos, e o projeto consiste em aumentar a população para, daqui a alguns anos, realocá-los em outras áreas de natureza selvagem. No nosso passeio, vimos o primeiro rinoceronte nascido lá, que se chama Barack Obama, nome dado por ser filho de pais doados por parques do Quênia e dos Estados Unidos, mesma origem do ex-presidente americano.

O Ziwa conta com alguns outros animais e atividades, mas a grande razão de ir até lá é mesmo o chamado “rhino trekking”, que é a caminhada para observar os rinocerontes de perto. Logo que chegamos, tivemos um briefing com instruções de segurança e depois começamos a andar pela mata. Entre as regras, nos pediram para colocar o celular no modo avião. O motivo? Desativar o GPS do telefone e evitar que as fotos postadas nas redes sociais mostrem a localização exata dos rinocerontes, o que pode facilitar a vida dos caçadores. Como o lugar é enorme, uma área de 70 km2, e os bichos vivem soltos, o tempo até encontrá-los pode variar um pouco. Mas os rangers (guardas que fazem a proteção dos animais) já têm ideia de onde eles estão, então não demora. Fomos acompanhados de um guia e um ranger sempre armado. Caminhamos 15 minutos e logo encontramos um grupo de cinco rinocerontes. Ficamos uns 40 minutos perto deles, mantendo certa distância de segurança, claro, e admirando, tirando fotos e escutando explicações, antes de voltarmos à base. A princípio, não era uma atração que estávamos com expectativa alta, mas valeu bem a pena. Curtimos. Em seguida, almoçamos por lá mesmo no Ziwa, que conta com estrutura de restaurante e até acomodações para quem quiser dormir. Depois, seguimos estrada rumo a Murchison Falls.

SAFÁRI EM MURCHISON FALLS:

Ainda no mesmo dia, após mais duas horas de viagem, nossa próxima parada foi para visitar o topo da Murchison Falls, as cataratas que ficam no Rio Nilo Branco, dentro do parque de Murchison Falls. Chegamos já no fim da tarde, com o sol caindo, e andamos pelas pedras que ficam ao lado da grande queda d’água. Dizem por lá que são as cataratas mais fortes do mundo. Não sei se é verdade, mas a pressão da água é realmente impressionante. Em tamanho, é bem menor do que a Victoria Falls, que fica na fronteira da Zâmbia com o Zimbábue, mas é bem forte mesmo. Chegando no mirante que fica mais perto, nos molhamos bem. Depois, pegamos a van novamente e já com o dia escurecendo, vimos alguns elefantes e outros animais da beira da estrada no caminho para o lodge, onde jantamos e dormimos.

No terceiro dia de viagem, partimos às 6h da manhã para um dos pontos altos do tour: o safári no Parque Nacional Murchison Falls, o maior parque nacional de Uganda, com 3,8 mil km2. Apesar de o país não ter a mesma fama de Tanzânia e Quênia, por exemplo, onde de fato os safáris são espetaculares e com maior quantidade de animais, tivemos uma experiência incrível. Encontramos em Murchison quatro dos “Big Five”, os cinco mamíferos de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem. Vimos vários elefantes e búfalos, alguns leões e um leopardo em cima da árvore. Se adicionarmos os rinocerontes vistos no santuário de Ziwa, completamos os cinco que procurávamos. Além disso, também avistamos girafas, hipopótamos, javalis, macacos, diversos antílopes e aves. Foram cerca de cinco horas de game drive, com o guia constantemente se comunicando no rádio com outros guias para dirigir até acharmos mais animais, principalmente os predadores, que costumam ficar mais escondidos. Para boas fotos, é importante ter uma câmera fotográfica, com bom zoom ou lente.

Finalizamos o safári, almoçamos no restaurante de um lodge dentro do parque e, no início da tarde, a próxima atividade programada foi um passeio de barco no Rio Nilo. O rio mais longo do mundo, mais famoso pela sua parte que corta o Egito, tem a sua nascente em Uganda (o afluente Nilo Branco, que começa no Rio Vitória) e também atravessa o país antes de ir para o Norte da África. No total, ele passa por 11 países do continente. O barco foi até a Murchison Falls, e pudemos ver as cataratas de frente, um ângulo diferente do que tínhamos visto no dia anterior, quando fomos ao topo dela. O trajeto de ida e volta demorou três horas e, sinceramente, foi um pouco cansativo e nada de especial. No caminho, havia hipopótamos e crocodilos na água e nas margens, muitas aves (quem gosta de pássaro deve ter adorado), natureza, mas nada de mais. Valeu para beber umas cervejas ugandenses Nile no Rio Nilo. Voltamos ao lodge mais cedo neste dia, pouco antes do pôr do sol.

No dia seguinte, o quarto do tour por Uganda, fizemos mais um safári no parque de Murchison Falls pela manhã. Desta vez mais curto, duas horas de game drive, e depois encaramos uma longa viagem para o próximo destino. Foram seis horas de estrada, com uma parada para almoço, até a floresta de Kibale.

CHIMPANZÉS EM KIBALE:

A floresta de Kibale, ou Parque Nacional de Kibale, é o melhor principal lugar de Uganda para fazer o chimpanzee tracking (que pode ser traduzido do inglês como rastreamento de chimpanzés), ou chimpanzee trekking (caminhada), como muita gente chama já que as pronúncias são quase iguais. Esta foi a nossa programação no quinto dia de tour. É uma atividade bem parecida com o tracking de gorilas, que acontece na floresta de Bwindi, e é a principal atração do país. A diferença, claro, é o primata em questão, já que os gorilas são maiores, intimidam mais, enquanto estudos dizem que os chimpanzés são os parentes próximos dos seres humanos na evolução das espécies. Na comparação dos dois passeios que fizemos, os chimpanzés estavam mais ativos na mata, interagindo mais entre eles, e nós pudemos chegar mais próximos deles. Além disso, o preço do chimpanzee permit (permissão para entrar na floresta, com guia e segurança para ver os chimpanzés) de um dia é de 200 dólares, bem mais barato que os 700 dólares do gorilla permit (ambos estavam inclusos no valor do nosso tour). Existem 5 mil chimpanzés em Uganda, sendo que cerca de 1.450 vivem em Kibale, e muitos estão habituados com os turistas. O processo de habituação leva até três anos, tempo em que os pesquisadores e funcionários fazem eles se acostumarem com a presença de pessoas por perto, sem que eles ataquem ou mudem a rotina da vida selvagem em seu habitat natural.

Nosso passeio com os chimpanzés começou bem cedo. Depois do café da manhã no lodge, fomos para a entrada da floresta de Kibale, onde recebemos as explicações, instruções de segurança e aconteceu a divisão de grupos de no máximo oito pessoas para cada guia. Partimos às 8h para a caminhada mata adentro em busca de algum grupo de chimpanzés, sempre junto com um guia armado, que fazia a comunicação por rádio com os rangers (guardas) que ficam na floresta. O conhecimento que eles têm da área e os sons dos animais ajudam na procura. Após uma hora andando, avistamos alguns chimpanzés. Este tempo pode variar de acordo com a localização exata deles. Depois, caminhando mais, vimos vários outros, subindo em árvores, comendo e andando perto da gente sem se incomodarem muito. Assim como acontece também no tracking de gorilas, a partir do momento que encontramos o primeiro grupo, é permitido ficar uma hora no local, observando, tirando fotos, fazendo vídeos e tentando chegar o mais próximo possível deles, dentro de um limite de segurança aceitável, sempre seguindo as instruções dos guias. Entre as regras, nada de movimentos bruscos, sem gritos ou barulho alto e obrigação de usar máscara para cobrir nariz e boca (não por causa do Covid, mas para evitar que nós seres humanos possamos transmitir doenças aos animais). Quanto às roupas, é importante estar com um tênis ou bota de trekking para fazer a trilha na mata, calça impermeável e blusa de manga comprida são recomendados.

O tracking de chimpanzés em Kibale foi o último lugar que eu coloquei no roteiro do tour em Uganda. Como a prioridade eram os gorilas, a princípio achei que não teria necessidade. Mas no fim das contas, valeu bem a pena ter feito, foi uma experiência que superou as expectativas, com um ótimo custo-benefício. Foi um aperitivo de respeito para o passeio com os gorilas no dia seguinte em Bwindi, destino para onde seguimos depois do almoço. Foram mais seis horas de estrada, passando ao lado do Parque Nacional Queen Elizabeth e avistando alguns animais no caminho.

O que mais fazer em Kibale? Existem outras atividades e animais na região da floresta, vimos muitos babuínos na estrada, por exemplo. No fim de tarde e noite que chegamos lá, aproveitamos para conhecer por conta própria a pequena vila de Bigodi, onde ficamos hospedados. Assim como fizemos um dia depois em Buhoma, também andamos pelas ruazinhas de terra, visitamos lojas de artesanato local, um campo de futebol e viramos atração por lá. Todos nos olhavam. “Muzungu”, palavra que significa “homem branco” na língua Bantu, foi o que mais escutamos, principalmente das simpáticas crianças, que acenavam curiosas com a rara presença dos únicos estrangeiros no meio de uma humilde comunidade local. Em conversas com os ugandeses, eles nos contaram que a maioria dos turistas não sai dos lodges, por medo e até por orientação das agências quanto à falta de segurança. Nós, inclusive, desobedecemos os pedidos de não sair sozinhos, e por isso os moradores locais ficaram espantados ao nos verem, mas também gratos de nos receberem. Eu valorizo sempre em qualquer viagem esse contato, esse envolvimento com o povo e a cultura local. Claro que é sempre importante ter bom senso e tomar alguns cuidados (especialmente as mulheres, que às vezes são alvo de olhares mais agressivos), mas não me senti inseguro e não acho que corremos qualquer risco. O maior problema por lá foi outro: conseguir cerveja gelada. Como em vários lugares não tinha energia elétrica, os botecos também não tinham geladeira. Desta vez, não teve solução, então o jeito foi beber cerveja quente mesmo e esquentar ainda mais provando Waragi, que é tipo uma cachaça ugandense, e Torrero, um licor local. Valeu demais pelas conversas, receptividade, simpatia dos moradores e por uma autêntica noite raiz.

IMPERDÍVEL:

– Pesquisar bastante, ver a reputação das agências, alinhar as expectativas e negociar o tour de acordo com os seus interesses e orçamento.

– O tracking de chimpanzés em Kibale inicialmente não estava nos planos, já que os gorilas eram prioridade, mas valeu bem a pena.

– O safári em Murchison Falls superou as expectativas, vimos os Big Five (leão, leopardo, elefante, búfalo e rinoceronte), considerando também o santuário Ziwa.

QUER SABER MAIS SOBRE UGANDA ? ACESSE TAMBÉM:

Site de turismo de Uganda

Tiago Lemehttps://www.boraviajaragora.com/
Jornalista, autor do Bora Viajar Agora, atualmente morando em Paris, trabalhando como freelancer. Já visitei 90 países. Os posts escritos neste blog são relatos de minhas viagens, com dicas e informações para ajudar outros viajantes.

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