Quando fui a Saint Martin: Fevereiro de 2016
Quanto tempo: 6 dias
É bem provável que você já tenha visto vídeos ou fotos daquele aeroporto em que a pista está colada a uma praia e os aviões pousam quase “raspando” na cabeça das pessoas que ficam na areia. Se você tem vontade de viver essa experiência no mínimo curiosa bem de perto, o nome do lugar que você tem que ir é Saint Martin/Sint Maarten. Esta pequena ilha caribenha de 87km2 é dividida em dois países, metade francesa e metade holandesa, cercada por um mar azul turquesa que colore as 37 praias deste território com características distintas em cada uma das duas partes.
Saint Martin (nome usado para se referir à ilha como um todo, ou São Martinho em português) é uma parada tradicional de grandes navios de cruzeiro e também um destino de pacotes turísticos de muitos brasileiros nos últimos anos. Não é uma ilha que costuma estar na rota de mochileiros, o custo por lá não é baixo, o perfil dos visitantes é muito mais de famílias com crianças, casais mais velhos e outros em lua de mel. Mas isso não quer dizer que não é possível conhecer o local de forma independente e de certa forma até econômica, fazendo boas escolhas de hospedagem e alimentação. Afinal, a principal atração do lugar é de graça: as praias.
Fui para lá em fevereiro de 2016, fiquei seis dias rodando entre os lados da França e da Holanda (a circulação é livre entre os dois países), em uma viagem de um total de 20 dias que também incluiu Anguilla, Saint Barth e Jamaica (clique aqui e veja o roteiro do mochilão no Caribe). Aproveitando uma promoção de passagem aérea, Saint Martin foi a base para explorar esse pedaço do Caribe com um ar europeu, mas também um pouco americanizado. A metade francesa é mais bucólica, mais próxima de seu país de origem, o euro é a moeda oficial (mas o dólar é aceito em todo lugar, e vale mais a pena usá-lo, já que na maioria deles a taxa de conversão é de 1 para 1) e a língua falada é o francês. A metade holandesa é mais agitada, o dólar é o dinheiro mais utilizado e o inglês mais usado na comunicação.
Em comparação com as outras ilhas próximas da região, o Saint Martin é maior e, caso você se canse de sol e praia todos os dias, também existem outras opções de lazer, como bares, baladas e cassinos. Além, claro, do “parque de diversões” com aviões pousando quase na sua cabeça, mais conhecido como Maho Beach.
TRANSPORTE:
Fomos para lá em um voo da Copa Airlines, com conexão na Cidade do Panamá, mas também é possível ir saindo do Brasil por outras companhias aéreas, principalmente via Estados Unidos. Para rodar na ilha, o jeito mais cômodo e prático para ter liberdade para conhecer as diversas praias é alugar um carro. No entanto, não achei o carro imprescindível como muitos falam. Aluguei em dois dos seis dias que fiquei lá (pagando 40 euros a diária, pela Golfe Car Rental), quando aproveitei para ir a praias mais afastadas, como Anse Marcel, e para sair à noite. Nos outros dias, usamos o transporte público de Saint Martin, que são vans que circulam entre os principais pontos, inclusive cruzando do lado francês para o holandês. Pagando de 1 a 3 dólares por trecho, dependendo da distância, foi possível conhecer bem a ilha sem nenhum perrengue. Em alguns casos, pegamos também carona na rua, o que é até comum por lá.
A outra opção de locomoção são os táxis, mas financeiramente falando não vale a pena, apenas em situações específicas ou logo na chegada com malas. Uma corrida do aeroporto Princess Juliana até Marigot, por exemplo, custa 20 dólares. A receita é balancear o uso das vans e o aluguel do carro de acordo com o número de dias que ficar por lá, para não perder tempo e nem dinheiro.
A partir de Saint Martin, é facilmente possível visitar mais dois países, Saint Barthélemy e Anguilla, coisa que muitos fazem em day trip, indo rapidamente de ferry ou de avião. Mas, apesar de o custo dessas outras duas ilhas ser um pouco mais alto, digo que vale dormir pelo menos uma noite em cada para aproveitar melhor as praias espetaculares.
HOSPEDAGEM:
Como ficamos seis dias espalhados em Saint Martin (porque no meio tiveram as idas para os outros países), nos hospedamos em três lugares diferentes. Primeiro, ficamos em um pequeno apartamento studio alugado pelo site Airbnb, para duas pessoas, por 63 dólares a diária. Ótima localização em Marigot, a capital da parte francesa, a cinco minutos de caminhada da rua principal para pegar as vans e perto de restaurantes e supermercados. Uma boa vantagem de ficar em apartamento é poder comprar comida e cozinhar, o que ajuda bem para economizar.
Depois, ficamos no Golfe Hotel, também em Marigot, por 80 dólares o quarto duplo. Local simples, mas bem arrumado e que já tinha uma parceria que nos deu desconto no aluguel do carro. Nas últimas noites, optamos pelo The CrewHouse Hostel, por 26 dólares por pessoa em um quarto compartilhado de dez camas (atualização: 35 dólares em dezembro de 2016). Também há quartos privados. O hostel passou por uma reforma, está na média, tem ótimo atendimento, um bom bar/restaurante, vale pela economia e principalmente pela localização estratégica no que estávamos buscando naquele momento. Fica bem ao lado do aeroporto e também é possível ir a pé dali para a Maho Beach e para os bares e baladas dessa região. Claro que existem diversos hotéis maiores e resorts all-inclusive para quem preferir, mas obviamente os preços são mais altos.
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PRAIAS:
A famosa praia dos aviões fica do lado holandês, se chama Maho Beach e, além dessa peculiaridade, também é bem bonita com o mar de cor azulada. O grande divertimento dos turistas lá é ficar na pequena faixa de areia esperando a chegada dos boeings que pousam frequentemente e passam, de fato, bem perto das pessoas. Apenas uma estreita rua separa a praia da cabeceira da pista do aeroporto internacional, o Princess Juliana. É realmente impressionante, uma experiência que vale ser vivida. Os aviões maiores costumam aterrissar entre 11h e 15h e o maior deles, um Boeing 747 da KLM vindo de Amsterdã, chega apenas às terças, sextas e domingos. Vale se programar para essas datas e escolher seu ângulo preferido para a foto. Em um dos cantos da praia, fica o Sunset Bar, que possui um quadro atualizado diariamente com os horários dos voos. O outro momento de euforia em Maho é quando algum avião grande vai decolar e joga um potente jato de ar para trás, levantando areia, água e fazendo voar chapéus e tudo mais que estiver na direção. Muita gente fica o mais próximo possível, colada na grade do aeroporto e se segurando para não voar com o “jet blast”.
Perto dali, fica a Mullet Bay, uma das melhores praias da ilha na minha opinião, com mar cristalino e um bar simples que oferece cervejas, drinks e porções de costela e frango a preços acessíveis. Um pouco mais à frente está Cupecoy e sua falésias, que rende uma bela fotografia, mas tem cada vez um espaço menor de areia. Para fechar as praias visitadas do lado da Holanda, fomos para a capital Philipsburg, que conta com a Great Bay, onde atracam os navios de cruzeiro, local que conta com boa estrutura de restaurantes e lanchonetes, lojas e é repleta de guarda-sóis e espreguiçadeiras.
Na parte francesa, a praia mais extensa e mais cheia é a Orient Bay, que também oferece opções de esportes náuticos, além de bares e restaurantes. A mais bonita delas talvez seja a Anse Marcel, com hotéis e condomínios de luxo bem ao lado. A Grand Case é mais interessante pelas comidas que oferece à noite do que propriamente pela praia, e a Friar’s Bay é uma boa pedida mais próxima da capital Marigot. Recomendo também conhecer a Pinel Island (Îlet Pinel), pagando 12 euros de ida e volta em um barquinho saindo de Cul-de-Sac. Dá para aproveitar um bom tempo nesta ilhota, com direito a bares e snorkel nos corais.
Independentemente da praia escolhida, o certo é se deparar com a beleza do mar azul turquesa. Dica para economizar: compre cerveja e gelo no supermercado, coloque numa bolsa térmica, faça também uns sanduíches e leve tudo. Nem pense que isso é “farofa”, muita gente faz isso por lá e ninguém se importa. Ao invés de pagar 3 ou 4 euros/dólares numa long neck de cerveja Carib ou Presidente no bar da praia, você vai pagar pouco mais de 1 euro/dólar no mercado.
O QUE MAIS FAZER:
Além das praias, Saint Martin conta com boas opções de restaurantes, bares e algumas baladas, mas não espere nada muito agitado para o perfil jovem. Para comer, uma boa opção é o Lolos, em Grand Case, que conta com vários grelhados de carne, frango, costela ou peixe, que eles chamam de churrasco por lá. A ilha também conta com diversos restaurantes de frutos do mar até bistrôs franceses mais arrumados e caros. Em média, o prato individual mais barato sai na faixa de 15 dólares.
A maior parte dos divertimentos noturnos fica no lado holandês, como vários cassinos espalhados pela área de Simpson Bay e de Maho. A melhor balada que conhecemos foi o Tantra, que custou 10 dólares de entrada e estava bem animada, e também fomos no The Sky Beach Rooftop & Lounge e no Le Shore. Não espere nenhuma megafesta, pelo menos não encontramos isso nem mesmo em fevereiro na alta temporada, mas dá pra se divertir bem. No dia que chegamos lá, estava rolando o desfile de Carnaval em Marigot, com música e estilo bem caribenho, mas não dá nem pra tentar comparar com blocos carnavalescos de qualquer cidade do interior do Brasil.
Saint Martin também oferece diversos tipos de passeio de barco, snorkel e possui alguns pontos legais para mergulhar. Pagamos 115 dólares para uma saída com dois mergulhos, pelo Ocean Explorers Dive Center, que fica em Simpson Bay e tem brasileiros trabalhando como instrutores. Fui sem muita expectativa de algo espetacular, até pelos relatos que tinha lido de que a ilha não é tão conhecida por essa atividade, mas gostei bastante do mergulho, que incluiu um barco naufragado, tartaruga, muitas lagostas e uma vida marinha interessante.
IMPERDÍVEL:
– Maho Beach, a famosa praia dos aviões. Programe-se para aproveitar o divertimento nos dias do KLM, o maior avião que chega lá e pousa “raspando” na cabeça das pessoas.
– É perfeitamente possível economizar e conhecer as praias usando o transporte público, que são vans. Alugar um carro te dá liberdade para conhecer a ilha, mas não é necessário todos os dias.
– Levar para as praias uma bolsa térmica com gelo, cerveja e sanduíches comprados no supermercado. Ótima opção para economizar grana e fato bem comum por lá. Não é “farofa”!.
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Oi Tiago!
Teremos apenas algumas horas na ilha, vamos parar lá durante um cruzeiro (8h-17h). Chegaremos por Phillipsburg. O que você recomenda de imperdível pra esse curto tempo? Nesse caso, vale alugar um carro ou conseguimos nos locomover com velocidade nessas vans? Queria conhecer o lado francês também, mas tenho medo de perder muito tempo no trajeto.
Obrigado!
Fala, Gustavo, tudo bem? Acho que você tem basicamente duas opções, dependendo do quanto quiser gastar e conhecer. 1) A opção mais econômica: ir de van para Maho Beach, a praia dos aviões (acho que lá é imperdível), e também daria tempo de conhecer Mullet Bay, que fica perto de Maho, é possível até ir andando. 2) Para conhecer melhor a ilha: se você quiser ir também para o lado francês, eu aconselho alugar um carro, algo por uns 50 euros. O táxi vai sair mais caro para vários trajetos longos, e de van você perderia muito tempo. Com o carro, você teria mais liberdade para ir até Maho Beach e depois conhecer o lado francês da ilha, indo para Orient Bay (praia maior) ou Anse Marcel (mais tranquila). Espero que isso te ajude. Qualquer coisa, é só falar. Abraço TIAGO
Olá!
Parabéns pela matéria, estou planejando ir em dezembro/21, assim que tomar a vacina em junho/21.
Vc tem indicações de trasnfer do aeroporto pode ser Vans ou Schutle.
Facil fazer um bate-volta até Saint Barth?
Boas férias
Oi Andrea,
Não tenho indicação de shuttle, mas é tranquilo de pegar táxi no aeroporto, com tarifas fixas de acordo com o destino.
Sobre Saint Barth, é possível fazer bate-volta no mesmo dia, sim. Mas se você tiver tempo, eu recomendo dormir pelo menos uma noite lá. Voltando no mesmo dia, fica meio corrido pra visitar mais de uma praia, porque o horário do último ferry é no fim da tarde. Pra conhecer melhor a ilha, o ideal é alugar carro. Se não puder, a pé você consegue conhecer o centro (Gustavia) e a Shell Beach. Tenho um post completo sobre Saint Barth neste link: https://www.boraviajaragora.com/saint-barth/
Espero que você consiga se vacinar logo. Boa viagem!
Tiago, parabéns pela matéria, não conheço esta ilha mas deu muito vontade de conhecer, muito bacana as dicas de economizar e aproveitar um pouco de tudo. Vou me programar
Oi Sandra, obrigado! Que bom que você gostou do post. A ideia do blog é sempre essa mesmo, dar dicas e mostrar que na maioria nas vezes é possível conhecer lugares bem legais sem gastar muito dinheiro.