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BUDAPESTE: o que fazer, guia e dicas de viagem

Dos banhos termais às influências históricas, a diversificada capital da Hungria
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Quando fui a Budapeste: Julho de 2009 e Junho de 2021

Quanto tempo: 2 dias e 2 dias

Fundada pelos romanos, ocupada pelos magiares, dominada pelos turco-otomanos, invadida pelos nazistas e tomada pelos comunistas soviéticos. Esta é Budapeste, a capital da Hungria, hoje um território livre e independente. Uma das cidades mais interessantes do Leste Europeu (em minha opinião, a mais interessante que visitei), e por que não, de toda a Europa. É um destino com o combo perfeito: rica cultura, monumentos imponentes e noite vibrante!

Talvez por sua história de conflitos e superação, um dos povos mais simpáticos do continente. Talvez por ter sido dominada por tantos povos, uma cidade que mistura as mais distintas características. O velho com o novo. O conservadorismo com a modernidade. Os tradicionais banhos termais com festas nas piscinas no verão. E por falar em banhos termais, está aí uma atração obrigatória por lá: conhecer esses “clubes” de águas quentes e medicinais que são uma tradição local.

Fato é que, seja por suas construções, pela sua população ou pela agitação, Budapeste é um dos destinos que eu considero obrigatórios na Europa. Gostei bastante de lá. Estive duas vezes na capital húngara. Em julho de 2009, fiquei dois dias inteiros, mas por muito pouco não troquei minha passagem para ficar mais tempo. Só não fiz isso porque o cronograma para a sequência da viagem estava apertado. Depois, em junho de 2021, passei um fim de semana quando fui ao estádio de futebol assistir a um jogo da Eurocopa, pude conhecer um pouco melhor a cidade e comprovar o quanto ela é espetacular.

Seja durante o dia ou à noite, seja você uma pessoa tranquila ou agitada, certamente você vai encontrar uma atração que se encaixe ao seu perfil em Budapeste. E mesmo que você não compreenda uma só palavra do complicadíssimo idioma húngaro durante a viagem, você vai entender um pouco mais sobre uma cultura diversificada, seja apreciando uma obra de arte dentro de um museu ou tomando uma cerveja com os moradores locais em um bar em ruínas. Quer mais um motivo pra viajar? Apesar de fazer parte da União Europeia, a Hungria não adotou o euro como moeda, segue usando o forint (florim), e os preços em média são mais baixos do que a maioria dos países da Europa Ocidental.

TRANSPORTE:

Na minha primeira viagem a Budapeste, vindo de Praga e depois indo para a Romênia (ambos os trajetos feitos de trem noturno, de 6 a 7 horas de duração), cheguei e saí da cidade de trem, na estação Keleti, de fácil acesso e ligada ao centrão por linha de metrô ou até mesmo por uma caminhada de cerca de 20 minutos. Na segunda vez, fui de avião saindo de Paris. Ida pela Wizzair, por somente 15 euros, e volta pela Easyjet, por 85 euros, ambas as passagens compradas com apenas uma semana de antecedência. Existem muitas opções de voos de cidades da Europa para a capital da Hungria, inclusive de companhias low-costs com preços baixos.

Para ir do aeroporto à região central, o melhor custo-benefício é pegar o ônibus 100E, que vai até a praça Deák Ferenc tér em uns 35 minutos de trajeto e custa 900 forints (2,50 euros). Para circular em Budapeste, quase todas as atrações de interesse podem ser alcançadas a pé se você estiver com o fôlego em dia. Para alguns locais, vale a pena pegar o antigo e eficiente metrô, mas ônibus e bondes também estão à disposição do viajante. 

HOSPEDAGEM:

Nossa recomendação é ficar na região de Peste, mais agitada e com mais opções do que o lado de Buda. Mais especificamente, no distrito VII, ou Erzsébetváros, o bairro judeu, que foi o local onde nos hospedamos na minha segunda viagem à cidade. Existem vários albergues por lá que se autodenominam “party hostels”, uma tentação pra quem está buscando festa. Nós ficamos no The Hive Party Hostel, em um quarto compartilhado, por 11 apenas euros por pessoa cada diária. Lugar grande, com ótima estrutura, um bar animado no rooftop, além da excelente localização bem ao lado da vida noturna.

Na primeira vez que fui a Budapeste, ficamos no hostel Central Backpack King, pagando 10 euros a diária. Lugar pequeno e simples, mas hospitaleiro, agradável e bem localizado, também na região central de Peste, no bairro de Lipótváros. Mas existem outras opções de acomodação mais animadas.

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O QUE FAZER:

Budapeste é cortada no meio pelo Rio Danúbio, que a divide em duas áreas: Buda e Peste, que antes eram duas cidades separadas, unificadas em 1873. Buda é onde estão as atrações mais históricas e culturais, Peste é onde fica a parte mais comercial e badalada. A ligação entre as duas áreas da capital é feita por pontes, a principal, mais bonita e mais antiga delas, de 1849, é a Széchenyi Lánchíd (Ponte das Correntes). Outras de destaque na área central são a Ponte da Liberdade e a Ponte Elizabeth.

Do lado de Buda, logo depois da Ponte das Correntes, avista-se o imponente Castelo de Buda, ou Palácio Real, localizado no alto de um morro (Castle Hill, ou Várhegy). Para subir até lá, é possível ir andando, ou pagando-se um funicular (400 forints ou 1 euro) para os mais preguiçosos. A vista lá do alto já vale bastante a visita, já que você tem um panorama de quase toda a cidade, do rio e das principais grandes construções. A visita a esta parte externa é gratuita e inclui o terraço, jardins e alguns monumentos, como no pátio dos leões. Para quem quer se aprofundar na história e na arte, pode-se desembolsar alguns forints e entrar em alguns prédios do complexo do palácio. Ali estão a Galeria Nacional Húngara, o Museu da História de Budapeste e a Biblioteca Nacional Széchenyi.

Ainda na parte alta de Buda, seguindo-se um pouco mais à frente, está a praça central da região, a Szentháromság tér (Vai tentar falar esse palavrão lá pra ver se dá certo? Na dúvida, mete um “Central Square” em inglês que eles entendem). Bem ao lado, ficam a Igreja Matthias (Mátyás-Templom), com seu telhado de mosaico, e o Fisherman`s Bastion (Bastião dos Pescadores), uma bonita construção branca com sete torres e um amplo terraço, também com uma bela vista panorâmica. É com certeza um dos lugares mais fotografados da cidade.

Do lado de Peste, os destaque são o imponente prédio do Parlamento, com arquitetura inspirada no Parlamento inglês (para visitar o interior, é recomendado comprar o ticket com antecedência), e a Basílica Szent István (Santo Estevão). Perto do Parlamento, também às margens do Danúbio, está o Monumento dos Sapatos, em homenagem aos judeus mortos pelos nazistas e jogados no rio durante a Segunda Guerra Mundial. A Vörösmarty tér é uma movimentada praça com várias lojas, restaurantes e cafés ao redor, e a Szabadság tér (Praça da Liberdade) costuma ser um ponto de encontro dos moradores locais. É nesta área também que fica o bairro judeu, com os tradicionais pubs em ruínas (leia mais no tópico “bares e festa”) e a Grande Sinangoga.

A principal avenida de Peste é a Andrássy ut, que conta com bonitas construções em suas margens, além de atrações como a Ópera e o Museu do Terror. Ao final dela, está a Hosök tere (Praça dos Heróis), com os monumentos Milenar e dos Heróis Nacionais. Ao lado, há o Museu de Belas Artes. Atrás da praça, fica o agradável City Park (Városliget), área verde que abriga o Castelo Vajdahunyad, o zoológico e o Széchenyi, um dos principais banhos termais da cidade (leia mais abaixo). Mas Budapeste oferece mais opções de lazer e cultura para quem tem mais tempo na cidade, como vários outros museus, passeio de barco, a Margit sziget (Margaret Island ou Ilha Margarida, área verde no meio do Danúbio), um belo visual do alto da Citadella, o belo estádio de futebol Puskás Arena, ruínas romanas e até mesmo a possibilidade de tours guiados em cavernas nas montanhas de Buda.

Onde comer: Entre as diversas especialidades da culinária húngara, o goulash é o prato mais típico do país. É um ensopado de carne cozida, com especiarias e temperado principalmente com páprica, mas também existem algumas variações, como a carne acompanhada de macarrão, por exemplo. É possível encontrá-lo em muitos restaurantes da cidade. Nós comemos no Drum Café, no bairro judeu, pelo equivalente a apenas 6 euros. Lugar com cardápio amplo para comidas típicas e ótimo custo-benefício. Muita gente também curte o lángos, uma espécie de esfiha aberta. O Mercado Central de Budaspeste (Nagy Vasarcsarnok) também é um bom local para visitar e provar essas e outras delícias da Hungria.

BANHOS TERMAIS:

E já que falamos em banhos termais, este é um programa que precisa estar no roteiro de qualquer forma, seja no frio ou no calor. Existem dezenas deles espalhados por Budapeste, é uma tradição local. É uma espécie de clube, no qual você paga uma entrada que te dá direito a algumas horas no local, que conta com diversas piscinas com águas medicinais das mais variadas temperaturas, tamanhos e com diferentes sais naturais.

Nas duas vezes que estive na Hungria, fui ao Széchenyi, o maior da cidade, localizado no City Park. Essa terma, que fica em uma construção neobarroca amarela e existe desde 1913, conta com muitas piscinas e banheiras hidromassagens indoors e uma boa área ao ar livre com três piscinas grandes, ótima escolha durante o verão. A entrada para um dia custou 6.200 forints (ou 18 euros) quando fui em 2021 (inclui armário para guardar os pertences), mas esse preço sobe bem se você quiser o serviço de algum tipo de massagem, por exemplo. Também há restaurante no esquema buffet para o almoço e bar para aquela cerveja necessária. O público é bem variado, desde senhoras com a família e crianças até jovens sorridentes húngaras. No verão, durante a noite acontecem animadas festas nas piscinas com DJs, em determinadas datas. Outro banho termal bastante conhecido por lá é o Gellért, que fica dentro de uma construção em Art Nouveau com colunas de mármore.

BARES E FESTA:

As atrações noturnas também são bem diversificadas e, como em qualquer lugar, vale perguntar no hostel sobre o que está bombando na época. Mas uma coisa é certa: o agito acontece do lado de Peste. E há um atrativo imperdível em Budapeste para quem gosta da boêmia e também de cultura: os ruin pubs, ou bares em ruínas (romkocsma, em húngaro). A maioria deles fica localizado no distrito VII, ou Erzsébetváros, o bairro judeu. E tem muita história por trás disso. Durante a Segunda Guerra Mundial, esta área da cidade era um gueto onde vivia a população judaica. Após o fim da guerra, este distrito ficou por muito tempo abandonado, sem investimento do governo, com casas destruídas, onde a população mais pobre passou a morar. Mas a partir dos anos 2000, o bairro foi se revitalizando e começou a receber eventos culturais. A partir daí, muitos desses prédios foram transformados em bares, mas mantendo como decoração original esse estado de ruínas, além de aproveitar móveis e outros itens que já estavam dentro dessas construções, num estilo meio vintage. Este cenário underground de Budapeste foi copiado por várias outras cidades da Europa.

O ruin pub mais antigo e mais frequentado pelos turistas é o Szimpla Kert, que fica aberto desde a tarde até de madrugada, quando vira uma balada e costuma encher. Estivemos lá durante a Eurocopa em 2021 e, de fato, estava lotado em um sábado à noite, mas o lugar é bem legal, grande, com música, ambiente e visual interessantes. Outro bar em ruínas bastante procurado é o Instant-Fogaz, também bem grande, num esquema parecido, e com um night club chamado Lärm no segundo andar. Também fui ao Mika Tivadar Ház, com mesas em um jardim ao ar livre e público mais local. Enfim, são muitas opções no bairro judeu, que hoje tem uma vida noturna bem agitada e precisa ser visitado.

Entre as baladas, nesta mesma área, fomos uma noite no Aether Club, com dois ambientes de DJ, sendo música eletrônica no subsolo. Ela fica dentro de uma galeria chamada Goszdu Udvar, com vários bares, cafés e karaokês. Mas existem diversas outras boates espalhadas pela cidade, para todos os gostos, especialmente no lado de Peste. Nas duas vezes que estive na capital da Hungria fui em um pub/balada chamado Morrison`s 2, que estava bem animado, cheio, com vários ambientes e pistas de dança. É uma das nights mais tradicionais da cidade há anos e vale conhecer. Por fim, principalmente no verão, bares com espaço a céu aberto na beira do Rio Danúbio costumam ser uma boa ideia no fim da tarde/início da noite, e alguns também na Ilha Margarida. Seja qual for o lugar escolhido, a diversão é garantida, impulsionada pelos bons preços das cervejas e demais bebidas.

IMPERDÍVEL:

– Passar um tempo relaxando em algum dos vários banhos termais, tradição da cidade. No verão, à noite, acontecem algumas festas nas piscinas.

– Os ruin pubs, ou bares em ruínas, no bairro judeu, são imperdíveis pela história, cultura, e claro pela agitação noturna.

– Ainda sem adotar o euro como moeda, a Hungria tem bons preços em geral, para comer, beber e se divertir.

QUER SABER MAIS SOBRE BUDAPESTE ? ACESSE TAMBÉM:

Site oficial da cidade

Blog Meus Roteiros de Viagem

Tiago Lemehttps://www.boraviajaragora.com/
Jornalista, autor do Bora Viajar Agora, atualmente morando em Paris, trabalhando como freelancer. Já visitei 90 países. Os posts escritos neste blog são relatos de minhas viagens, com dicas e informações para ajudar outros viajantes.

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