Quando fui a Kotor: Julho de 2018
Quanto tempo: 2 dias
Se Budva é o destino turístico mais popular de Montenegro, por causa de suas belas praias e boas festas, Kotor é a cidade medieval mais famosa do país, e suas principais atrações e belezas estão no centro histórico fortificado cercado por muralhas. Localizada aos pés de grandes montanhas no fim da Baía de Kotor, em uma área de fiordes com uma estreita ligação ao Mar Adriático, recebe muitos navios de cruzeiro e turistas em passeios de apenas um dia, normalmente vindos da vizinha Croácia. Porém, pelo agradável ambiente e também pelos atrativos que oferece nos arredores, é um lugar que merece um pouco mais de tempo para se apreciar.
Em nossa viagem a esta região dos Balcãs em julho de 2018, ficamos dois dias em Kotor, mas apenas um deles na cidade mesmo, já que no outro fizemos um tour para o Parque Durmitor, no interior do país. Com isso, não conseguimos visitar a vila de Perast. Poderíamos ter ficado um pouco mais lá, mas nossa opção na época foi priorizar Budva, onde passamos três dias aproveitando o calor e o agito do verão europeu. Antes disso, também ficamos seis dias nas paradisíacas praias da Albânia. São países com algumas semelhanças, mas muitas diferenças. Em relação aos gastos, Montenegro fica no meio termo entre a barata Riviera Albanesa e as mais inflacionadas cidades da costa croata.
Com a independência declarada em 2006 após se separar da Sérvia, Montenegro é um dos países mais novos do mundo e ainda recebe poucos turistas brasileiros. A maioria dos estrangeiros em férias por lá é de sérvios, russos e de outros países do Leste Europeu, além de alemães. E se por enquanto nós sul-americanos não descobrimos direito esta região, são eles que desfrutam de lugares sensacionais como Kotor, que enche de gente na alta temporada, fez parte da Roma Antiga, tem construções históricas, lindas paisagens naturais e ainda pode servir de base para outros passeios pelo país.
TRANSPORTE:
Existem ônibus frequentes que ligam Kotor a Budva, trajeto de 25 km de distância e 45 minutos de duração, por 3,50 euros. Antes de Montenegro, nós estávamos na Albânia, então pegamos um ônibus de Tirana até Budva, por 23 euros e 6 horas de viagem, pela empresa Old Town Travel. Mas na sequência ele seguia caminho para Kotor. Também há ônibus para outras cidades de países próximos, como Dubrovnik, na Croácia, que fica bem perto da fronteira, além de Sérvia, Bósnia, Macedônia. Pelos deslocamentos que fizemos no país, não vimos a necessidade de alugar carro, mas pode ser útil dependendo do roteiro planejado. Para ir embora, o aeroporto mais perto de Kotor fica na cidade de Tivat, a apenas 8 km de distância. De lá embarcamos em um voo da Montenegro Airlines para Paris, comprado com um mês e meio de antecedência, por 197 euros. Também há voos da capital Podgorica para diversos destinos da Europa.
Dentro de Kotor, é bem tranquilo circular a pé no compacto centro histórico, onde ficam praticamente todos os pontos de interesse. Para ir a praias mais afastadas nos arredores da cidade ou vilas como Perast, por exemplo, existem linhas de ônibus e alguns barcos. Gastar com táxi pode valer a pena em algumas situações para ir mais rápido, principalmente se estiver em mais gente para dividir. E, claro, é bom ficar atento com qualquer tentativa de golpe no preço, principalmente na alta temporada.
HOSPEDAGEM:
Pesquisamos lugar para dormir em Kotor meio em cima da hora e fizemos a reserva com apenas uma semana de antecedência. Como era durante o verão europeu, havia poucas opções disponíveis bem localizadas e com preço bom. O melhor custo-benefício que encontramos foi o Tajami Apartments, por 56 euros a diária de um quarto duplo, em um prédio de apartamentos turísticos para alugar. O local era espaçoso, com cama de casal, sofá-cama, uma pequena mesa com cadeiras e banheiro. E o mais importante de tudo: localização excelente dentro da Cidade Velha. Fomos bem atendidos na chegada, e tudo correu bem durante a estadia. Quando olhamos antes, já não tinha mais vaga por exemplo no Montenegro Hostel B&B Kotor, hostel da mesma rede que nos hospedamos em Budva.
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O QUE FAZER:
As principais atrações de Kotor ficam em Stari Grad, a Cidade Velha, que tem o formato de um triângulo, é cercada por muralhas e com acesso apenas para pedestres. Para conhecê-la, é possível fazer tudo por conta própria, caminhando com um mapa na mão e se perdendo pelo labirinto de pequenas ruas com construções históricas, que estão entre as mais bem preservadas do Mediterrâneo. O local foi habitado desde a Roma Antiga, depois passou pelo domínio de vários povos a partir da Idade Média, incluindo o tempo quando fez parte da República de Veneza e ganhou o nome italiano de Cattaro.
Nós começamos o nosso dia por lá fazendo um passeio que exige esforço físico, mas tem como recompensa um belo visual: subir as escadarias até a Fortaleza de Kotor, também chamada de Fortaleza São João (Sveti Ivan) ou Castelo de San Giovanni. A trilha tem dois pontos de entrada na Old Town, ingresso a 8 euros, e o caminho percorrido até o topo tem 1350 degraus ou 4,5 km, fazendo um ziguezague ao lado das antigas muralhas montanha acima. Demoramos pouco mais de duas horas no percurso de ida e volta, com algumas paradas para fotos e descanso. É cansativo, principalmente nos dias quentes do verão, mas perfeitamente possível de fazer. A recomendação é levar água (mas também tem alguns vendedores), usar tênis (chinelo atrapalha muito) e tentar ir pela manhã que é mais fresco (mas não conseguimos acordar tão cedo). No meio do caminho, há a pequena Igreja de Nossa Senhora dos Remédios e vários mirantes que rendem boas fotos com a Cidade Velha e a Baía de Kotor abaixo. No topo do forte, que foi construído entre os séculos IX e XV para defender a cidade, estão as ruínas do castelo e uma bandeira de Montenegro, outro ponto bastante fotogênico.
Após a descida e o almoço, andamos meio sem rumo pelas ruazinhas de Stari Grad, que na alta temporada fica lotada de turistas, muitos que passam apenas o dia, vindos de navios de cruzeiros atracados no porto ou de day trips a partir de Dubrovnik, na Croácia. Por isso, dormir na agradável Kotor tem ótimas vantagens, como aproveitar o fim de tarde e noite em um ambiente mais tranquilo. O ponto de partida para explorar a Cidade Velha é a Praça das Armas (Trg od Oruzja), que fica logo depois do portão principal, o Sea Gate, um dos três portões de entrada do centro histórico. Nesta praça principal, além de restaurantes e lojas, fica a Torre do Relógio. Entre os outros locais de interesse estão a Catedral de São Trifão (Sveti Tripun), a Igreja Ortodoxa de São Nicolas (Sveti Nikola), a Igreja de São Lucas (Sveti Luka) e o Museu Marítimo. Tendo ânimo, também vale caminhar rapidamente sobre as muralhas que cercam a Old Town e sair pelo River Gate, o Portão Norte, onde tem uma pequena ponte sobre as águas verdes do Rio Scurda. Ah, outra atração é o Museu dos Gatos (Cats Museum), uma “homenagem” aos vários gatos que vivem na cidade.
No fim da tarde, após um dia de forte calor, a vontade de ir para a praia falou mais alto e fomos relaxar na Kotor Beach, que fica a apenas 600 metros da Cidade Velha. O lugar nem é tão bonito assim, uma pequena faixa de pequenas pedrinhas em frente às águas calmas da baía, mas vale conhecer. As melhores praias ficam nos arredores ou em outras cidades montenegrinas, como Budva. Até por isso, me arrependi um pouco de não ter usado este tempo para tentar conhecer Perast, uma vila situada a 14 km de Kotor, que atrai muitos turistas. O esquema lá é pegar um barquinho para visitar duas pequenas ilhas que ficam logo em frente, a da Igreja de Nossa Senhora das Rochas (Gospa od Skrpjela) e a São Jorge (Sveti Djordje). Fica pra próxima!
PARQUE DURMITOR::
Entre os diversos tours disponíveis pelo território de Montenegro, escolhemos conhecer o Parque Nacional Durmitor, que tem este nome por causa do Monte Durmitor. Nós pagamos 40 euros por pessoa pelo passeio (não era um tour privado, mas acabamos indo apenas em quatro amigos na van), que também incluiu paradas em dois cânions, bonitas paisagens no caminho e durou um total de 10 horas, das 8h30 às 18h30, sendo um tempo considerável na estrada. Fechamos tudo no Montenegro Hostel B&B (veja mais opções de tours neste link), onde estávamos hospedados em Budva, cidade de onde partimos, e depois terminamos em Kotor. É possível começar e terminar o tour em Kotor, Budva ou Podgorica. Para quem preferir ir por conta própria de carro ou ônibus, Zabljak é uma cidade próxima ao parque que serve como base para se hospedar e explorar a região.
O Durmitor fica localizado em direção ao interior do país a cerca de 200 km de distância de Budva ou Kotor. Nossa primeira parada do passeio foi no Cânion do Rio Moraca, apenas para apreciar rapidamente. Depois paramos num ponto do Cânion do Rio Tara, que se estende por 82 km até a fronteira com a Bósnia e tem profundidade de 1.300 metros. Ficamos meia hora lá para andar sobre a Ponte Djurdjevic (Tara Bridge) e bater umas fotos do bonito cenário do rio de água verde correndo lá embaixo entre as montanhas e vegetação. Para quem quiser, existe a possibilidade de fazer tirolesa ali, pagando 20 euros à parte. Para quem tem mais tempo, o rafting é outra atividade comum. Logo depois, chegamos ao Parque Durmitor (ingresso a 3 euros), que tem área enorme de 390 km2, muita natureza, estrutura com restaurante, lagos, diversas trilhas e possibilidade de várias atividades. Como nós tivemos somente duas horas livres no local, concentramos a visita caminhando ao redor do Lago Negro (Crno Jezero), a parte mais atrativa e mais turística do parque, com um belo visual do grande lago esverdeado, cercado por árvores e com o Monte Durmitor ao fundo. Uma boa recompensa após horas de estrada e um certo cansaço. Mas se eu tiver que fazer uma comparação e escolher um, minha preferência é para o Parque dos Lagos Plitvice, que fica na vizinha Croácia.
COMER E BEBER:
As ruas históricas da Stari Grad de Kotor estão repletas de estabelecimentos comerciais em geral e, claro, muitos restaurantes, cafés e bares. Jantamos um dia no Café San Giovanni, que fica bem na Praça das Armas, com mesas ao ar livre. Comi uma lula grelhada individual por 11,50 euros, um prato de frango recheado custava 10 euros e paguei 4,60 euros em uma cerveja de meio litro. Preço bom pelo ambiente agradável e levando em conta que a localização é a mais turística da cidade, mas a comida mesmo era apenas OK. Há diversas outras opções de restaurantes por lá, dos mais variados tipos e custos, incluindo também especialidades da culinária de Montenegro, como o cevapi, uma alternativa barata que nada mais é do que uma espécie de pequenas linguiças, de porco ou carne moída.
Para a vida noturna, também existem vários bares e pubs, e o mais legal e animado que encontramos foi o Letrika Caffe Bar, com um pequeno espaço interno, mesas do lado de fora, música, bom menu de drinks e um agito bem maneiro. Não era dos mais baratos, mas valeu bastante. Para quem quer esticar a noite e ir pra balada, ali mesmo na Cidade Velha fica o Club Maximus, que é o mais indicado e tem ótima estrutura, mas estava vazio em uma quinta-feira de julho em pleno verão europeu.
IMPERDÍVEL:
– Por mais que seja cansativo e demore um tempo, vale a pena subir as escadarias da Fortaleza de Kotor para ter um visual espetacular.
– Muitos conhecem Kotor em apenas uma day trip, mas compensa dormir na cidade para aproveitar um ambiente mais tranquilo na Old Town.
– Tendo mais tempo, existem diversas opções de passeios saindo de Kotor, como o Parque Durmitor, Perast, entre outros.
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